sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ato contra Belo Monte ocupa Eletronorte.


Mais de uma centena de manifestantes atendeu o chamado do DCE/UFPA e do Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre, hoje pela manhã. Nos concentramos no portão que dá acesso ao terminal rodoviário da UFPA e saímos em passeata pela Av. Perimetral, que margeia o campus universitário e separa-o de uma grande ocupação urbana, no bairro da Terra Firme. Quarenta minutos depois estávamos em frente ao portão de acesso à Superintendência Regional da Eletronorte - Pará/Amapá.
O objetivo do ato era chamar a atenção da população local e protestar na frente daquela que simboliza a destruição de rios, aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas na Amazônia: a "EletroMorte".
Fechamos o acesso à empresa e negociamos a entrada de uma comisão para protocolar um documento, no qual o povo amazônida expressa sua indignação pela forma autoritária com a qual vem ocorrendo o debate (ou a falta dele) sobre a construção do AHE Belo Monte. Tudo estava tranquilo. Representantes de entidades ambientalistas, de partidos políticos (PSOL e PSTU), de sindicatos, e de outros movimentos sociais, usavam o microfone para se manifestar contra a construção da barragem.
Minutos após vem a notícia de que a comissão não seria recebida. Mais uma vez o povo seria barrado em seu direito a voz. Mas não estávamos sob o calor do sol equatorial para ouvir um "Não!" e voltarmos para casa. A luta contra as hidréletricas no Rio Xingu é mais forte. O portão começou a ser balançado. Seguranças particulares e polociais militares interviram. De repente, uma mão (providencial) destravou o outro portão. Aí, não deu pra segurar. A Eletronorte foi obrigada a ouvir o povo.
Ler também em: http://www.socialismo.org.br/portal/questoes-agrarias/108-noticia/1315-ato-contra-belo-monte-ocupa-eletronorte

Ocupação da Eletronorte. Não a Belo Monte.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Exposição "Xingu Vivo" no SINTSEP-PA


O Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Pará / SINTSEP-PA recebe, a partir de hoje, a exposição "Xingu Vivo". As fotografias foram registradas por mim na audiência "pública" ocorrida em 15/09, em Belém, ocasião em que deveria ter sido debatido o impacto sócio-ambiental da construção da hidrelétrica de Belo Monte. A exposição foi montada no Espaço de Cultura e Lazer Laureano Gonçalves de Jesus, devendo permanecer no sindicato até o próximo dia 18/dezembro.

A exposição tem como objetivo divulgar a luta dos povos da Amazônia contra a construção de barragens e hidrelétricas no Rio Xingu, além de contribuir na mobilização para o ato público do dia 11/12 na UFPA.

Juízes homenageiam MST em São Paulo


Na noite desta quinta-feira (3/12), a diretoria da Associação de Juízes pela Democracia (AJD) entregou ao MST uma homenagem especial. Em São Paulo, os magistrados comprometidos com a transformação social entregaram a militantes do Movimento uma pintura inédita, que representa a luta de Dom Quixote contra os ‘moinhos da opressão’.

Ler mais em: http://www.mst.org.br/node/8726


Repassado por Marquinho Mota / Rede FAOR

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ato contra AHE Belo Monte


O DCE/UFPA e o Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre estarão organizando um ato público contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.

Em reunião ocorrida no último dia 07/12 foram acertados os últimos detalhes e definida a mobilização para esta semana.

Também foi definida a participação nas atividades a serem realizadas em frente ao Fórum Criminal (TJE), no dia 10/12, por ocasião do julgamento de um dos assassinos da Irmã Dorothy.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Belo Monte: mentira institucionalizada

Artigo de Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia e professor da Universidade Federal do Pará.

Esta semana, o Ministério Público Federal promoveu em Brasília uma Audiência Pública para discutir o projeto da usina de Belo Monte. Apesar de este encontro ter se dado não nos rincões das populações atingidas, mas ao lado da sede do poder executivo federal, não compareceu ao debate nenhum representante dos órgãos de governo mais diretamente relacionados à obra.

Ler mais em: http://www.ecodebate.com.br/2009/12/07/belo-monte-mentira-institucionalizada-artigo-de-rodolfo-salm/

domingo, 6 de dezembro de 2009

Exposição de fotografias "Xingu Vivo"


Nos dias 05 e 06/dezembro, durante a realização do XIX Congresso Estadual do SINTEPP (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará) foi montada exposição, no estilo foto-varal, com fotografias registradas por mim durante a audiência "pública" ocorrida em Belém em 15/09/09.


Nesta semana a exposição será montada na sede do SINTSEP-PA (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Pará).


A atividade, proposta ao Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre (http://xingu-vivo.blogspot.com/), faz parte das ações que estão sendo organizadas para impedir a construção da hidrelétrica de Belo Monte.

Protestos marcam audiência sobre usina de Belo Monte

Na quarta-feira, 2 de dezembro, foi realizada, a requerimento do senador José Nery (PSOL), uma audiência pública sobre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do aproveitamento hidrelétrico do Rio Xingu - a usina de Belo Monte (PA). Para ele, as audiências públicas realizadas pelo Instituto Brasileiro e Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) não tinham ouvido de forma suficiente os movimentos indígenas e sociais que poderão ser prejudicados com a obra.

Ler mais em: http://www.psol.org.br/nacional/component/content/article/1520-protestos-marcam-audiencia-sobre-usina-de-belo-monte

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Construir a V Internacional


El Encuentro Internacional de Partidos de Izquierda efectuado en Caracas los días 19, 20, 21 de noviembre de 2009, recibida la propuesta del Comandante Hugo Chávez Frías de convocar la V Internacional Socialista como una instancia de los partidos y corrientes socialistas y movimientos sociales del mundo en la cual armonicemos una estrategia común para la lucha antiimperialista, la superación del capitalismo por el socialismo y la integración económica solidaria de nuevo tipo, valora dicha proposición en términos de su dimensión histórica que propugna el espíritu de un nuevo internacionalismo y acuerda, a los efectos de concretarla en el corto plazo, crear un GRUPO DE TRABAJO conformado por aquellos partidos y corrientes socialistas y movimientos sociales que suscriben esta iniciativa, para preparar un agenda donde se definan los objetivos, contenidos y mecanismos de esta instancia mundial revolucionaria, convocándose un primer evento constitutivo para el mes de abril de 2010 en esta Ciudad de Caracas. De igual manera, aquellos partidos y corrientes socialistas y movimientos sociales que no se han expresado, someterán la propuesta a la consideración de sus órganos directivos legítimos.

Caracas, 21 de noviembre de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

UFPA debate Belo Monte

Professores e estudantes da UFPA debatem impactos ambientais de Belo Monte

Professores e estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) debatem na próxima terça-feira, 17, os impactos ambientais da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, durante um vídeo-debate que vai acontecer a partir das 16 horas, no Centro de Convenções da UFPA. O evento é uma promoção do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e acontece em meio às polêmicas que antecedem o possível leilão do empreendimento pelo governo Lula.

O debate é aberto a toda a população e contará com a presença de um representante do Comitê Xingu Vivo para Sempre, do advogado Marco Apolo Leão, presidente da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), e da professora doutora Nirvia Ravena, representando o Painel de Especialistas da UFPA, que é um grupo de pesquisadores que tem desenvolvido estudos paralelos sobre a construção da Usina de Belo Monte.

Segundo Anderson Castro, coordenador-geral do DCE, o debate pretende chamar a atenção da comunidade universitária e da sociedade civil para os impactos ambientais que serão causados com a construção da hidrelétrica. “A população precisa tomar nota sobre os reais interesses por trás da construção da usina, pois as barragens vão atingir diretamente a saúde, a vida, a moradia e o sustento de comunidades ribeirinhas e indígenas, além de destruir a biodiversidade da floresta”, afirma Anderson.

A partir do vídeo-debate, o DCE pretende somar esforços com diversas entidades dos movimentos sociais, para convocar um ato público pelas ruas de Belém contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte. A expectativa é realizar o protesto antes da primeira semana de dezembro, quando os manifestantes deverão caminhar da UFPA em direção à Eletronorte, na Avenida Perimetral.

A ideia da entidade é intensificar o processo de mobilização, pois de acordo com o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve conceder nesta segunda-feira, 16, a licença prévia para a construção da Usina. A pressa do governo é para impedir que os movimentos sociais tentem barrar o projeto por meio de protesto ou ações na Justiça.

No último dia 10 de novembro, o juiz federal Edson Grillo, de Altamira, chegou a conceder uma liminar a pedido do Ministério Público Federal (MPF), suspendendo o processo de licenciamento da Hidrelétrica de Belo Monte, mas um dia depois o Ibama conseguiu cassar a liminar no Tribunal Regional Federal, da 1ª região, em Brasília. Com a concessão da licença prévia pelo Ibama, o governo pretende realizar o leilão de concessão do projeto até o dia 21 de dezembro.

As entidades, porém, apontam diversas irregularidades no projeto, pois o Estudo de Impacto Ambiental do empreendimento sequer aponta a quantidade de famílias que serão atingidas pela Hidrelétrica. “Este projeto é maléfico para a região, pois não temos necessidade de energia. A construção da Hidrelétrica vem beneficiar apenas as multinacionais e as gigantes do ramo da construção civil, como a Odebrecht e a Camargo Correa. Enquanto isso, a navegação de parte do Xingu será interrompida e a vida dos trabalhadores da região e a biodiversidade da floresta serão destruídas”, explica Anderson Castro.

Max Costa

sábado, 14 de novembro de 2009

Governo Lula mantém ataque contra o Xingu

Ibama libera Belo Monte na 2ª-feira

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai emitir na próxima segunda-feira a licença prévia para a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, segundo informou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. De acordo com fontes do governo, a determinação para que a licença seja liberada partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A decisão de liberar a licença foi tomada ontem durante reunião de Lula com Lobão, os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e representantes de outros órgãos do governo que representam os setores de energia e meio ambiente. O presidente do Ibama, Roberto Messias, também participou do encontro. "Tratamos do licenciamento de Belo Monte, que está demorando bastante. Ficou decidido que na segunda-feira o Ministério do Meio Ambiente emitirá a licença", afirmou Lobão.

Ler mais em: http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/11/13/ibama+libera+belo+monte+na+2+feira+9087018.html

DCE-UFPA contra AHE Belo Monte

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Belo Monte: mais uma vitória

Justiça Federal determina novas audiências para Belo Monte
A ordem suspende o processo de licenciamento para atender a pedido do Ministério Público - Federal e Estadual - e realizar as audiências públicas solicitadas pela população.

A Justiça não concedeu totalmente os pedidos feitos pelo MP, porque considerou válidas as audiências acontecidas até agora. Ordenou, no entanto, que sejam realizadas tantas audiências quantas sejam necessárias para contemplar todas as comunidades afetadas.

O processo tramita com o número 2009.39.03.000575-6 e pode ser acompanhado por qualquer interessado pela internet no site da Justiça Federal:www.pa.trf1.gov.br

Ler mais em:http://www.xingu-vivo.blogspot.com/

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

09/novembro: 20 anos sem o Muro de Berlim

Estátuas de Lênin

Derrubem as estátuas de Lênin.
Movimentem as estátuas de Lênin.
Revolucionem as estátuas de Lênin.
Elas estavam estáticas demais.



Subversivas Palavras, Editora Paka-Tatu, 2007.

Carta Aberta de Dom Erwin Krautler ao Presidente Lula

Senhor presidente,

mais uma vez venho solicitar a Vossa Excelência que se disponha a ouvir cientistas e pesquisadores de renome nacional e internacional que discordam do projeto, baseando-se em dados insofismáveis. Diante de um projeto gigantesco como a planejada Usina Hidrelétrica de Belo Monte, é necessário ouvir, de modo imparcial, outras posições. O setor energético do Governo, da altura de sua competência meramente técnica, só apregoa vantagens e lucros e promete solução para todos os problemas que porventura possam advir da construção. No entanto, quando as perguntas entram em detalhes, indagando que tipo de solução será tomado, os representantes do Governo desconversam ou simplesmente se calam ou, então, prometem estudar o caso. Ler mais em: http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=4242&eid=354

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Homenagem a um camarada.

No último dia 26/10 o coração do jovem professor Evandro Pinto parou de bater. Militante do PSTU, é um companheiro que merece todas as belas palavras ditas em sua homenagem, como o poema abaixo escrito pelo professor Carlos Alberto.
Camarada Evandro, presente!

Um lutador socialista

Um lutador socialista é forjado no seio do movimento
Seu campo de batalha... as ruas
Sua trincheira .... o partido e o sindicato
Sua retaguarda ... a família e os camaradas.

Foi no emaranhado de um contexto social aviltante e excludente
Que o militante Evandro
Professor, sindicalista e atuante ator social
Foi formado, batizado e transformado
Em socialista preocupado com a miséria do assalariado.

Não se contendo em apenas constatar que o povo pobre vive a labutar
Em condições desumanas que o capitalismo há séculos o obriga atuar
O militante Evandro foi ás ruas esbravejar
Palavras de ordem para seu povo escutar
Na utopia de que todos os oprimidos se unam para lutar.

Anos de combate contra o capitalismo Evandro travou
Foi preso e humilhado, mas não recuou
Pois seu sonho de um mundo mais justo e humano
Em todos os cantos ele sempre ecoou.

Hoje esse lutador socialista
Pela ironia do destino, foi tombado por desatino
Pelo seu coração peregrino.
Porém, seu legado está muito além de ser esquecido ou negado.

E se é verdade que o verdadeiro lutador socialista
É para sempre valorizado por sua ação combativa
É aclamado por nunca desistir de suas utopias
Então, camarada Evandro, você para sempre será lembrado
Pois seu exemplo por outros será seguido
Suas lutas muitos ainda abraçarão
Seus sonhos alimentarão nossos ideais
E seu amor pela revolução será sempre nossa lição.

Até a vitória!

Carlos Ramos - professor - Unidos Pra Lutar/Conlutas

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Segue a luta contra AHE Belo Monte

O povo Caiapó, liderado pelo Cacique Raoni Metuktire, em repúdio às declarações ofensivas do Ministro Edson Lobão, convida todas as lideranças Indígenas, Ministério Publico Federal, Entidades de Direitos Humanos, Ambientalistas, Organizações não Governamentais e Imprensa em geral, para manifestação contra a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, a ser realizada de 28/10 a 04/11/2009 no PIV Piaraçú, TI Capoto/Jarina, entroncamento entre o rio Xingu e a MT 322, antiga BR 80.
Estará sendo aguardada a presença dos Ministros de Minas e Energia e Meio Ambiente, alem dos Governandores dos Estados do Mato Grosso e Pará. O não comparecimento dessas autoridades implicará no fechamento da Balsa da travessia do Rio Xingu na MT 322 antiga BR 80, trecho que liga os Municípios de Matupá e São Jose do Xingu no Estado do Moto Grosso.

Colider-MT, 14 de Outubro de 2009.

Atenciosamente
INSTITUTO RAONI

Fonte: http://xingu-vivo.blogspot.com/

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sol vermelho

Tremulam bandeiras vermelhas
Sonhos vermelhos
Vidas.
LIBERDADE, GRITAI!
Esperança.
O novo sol nascente.
Rubro.
Comunista.
Por que insistes em nascer, agitador?
Vermelho sol poente.
Subversivos raios que penetram na terra negra
e teimam em germinar a semente.
Enxadas que rasgam o chão.
Foices que cortam o farpado.
Bosta de boi no campo
banhado pelo sangue encarnado.
Sem-terra.
Sangue subversivo derramado.
Eldorado.
Futuro.
Dignidade.
REFORMA AGRÁRIA, GRITAI!

Subversivas Palavras, Editora Paka-Tatu, 2007.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Lutar por reforma agrária não é crime.

Nota de repúdio à condenação de João Batista e Dim Cabral.
Cresce em todo o Brasil a solidariedade a João Batista e Dim Cabral, dirigentes do MTL que foram condenados pela Justiça de Minas Gerais a 5 anos e 6 meses de prisão. Solicitamos às entidades e lideranças políticas que enviem mensagens de repúdio à 3ª Câmara Criminal do TJMG.
Ler nota em: http://www.mtl.org.br/

Todo apoio ao MST.


Esclarecimento sobre os últimos episódios.
Diante dos últimos episódios que envolvem o MST e vêm repercutindo na mídia, a direção nacional do MST vem a público se pronunciar.

Ler nota em: http://www.mst.org.br/node/8319

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Solidariedade a Honduras

Manifestação em Solidariedade ao Povo de Honduras. Fora Golpistas!

Dia 02, sexta feira, vão do MASP – Paulista – Concentração à partir das 17 h

O Golpe Militar em Honduras tem que ser derrotado nas ruas em Honduras e em todo o mundo. Nos últimos dias os golpistas de Honduras não deixaram nenhuma dúvida aos trabalhadores e povos de todo o mundo de sua verdadeira face facista : toque de recolher, estado de sitio, prisões, repressão brutal com centenas de feridos e assassinatos.

Ler mais em: http://psolsp.org.br/?p=2885

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Honduras Resiste!

Honduras: O povo segue nas ruas!
(Por Pedro Fuentes)

1.- "Sangue de mártires, semente de liberdade" era a palavra de ordem no enterro de Wendy, que morreu devido aos gases lacrimogêneos no sábado passado. "Todo despertar tem um preço", me dizia um militante da resistência, formado no Partido Comunista, durante a cerimônia pela companheira, na tarde de segunda-feira, no Cemitério Nacional. "E Honduras despertou." Usando categorias marxistas, o companheiro dizia que em Honduras esse despertar significa que o movimento deu "um salto de qualidade".

Ler mais em:http://www.socialismo.org.br/portal/internacional/38-artigo/1161-desde-honduras

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Fatos & Fotos


"Ministro vê 'forças demoníacas' que impedem hidrelétricas". Fonte: www.g1.globo.com

sábado, 26 de setembro de 2009

Xingu vivo! Não a Belo Monte.


A audiência pública sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, ocorrida em Belém no último dia 15/setembro, foi uma bela demonstração de como excluir o povo das decisões. Não foi sem razão que os manifestantes contrários ao projeto do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte – AHE Belo Monte gritavam: “se ela é pública / assim não dá / tem que deixar o povo entrar”.
A luta contra a construção de barragens na bacia do rio Xingu ganhou força a partir de 1989, quando foi realizado o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira, Pará. A vitória daquela jornada fez com que os governos Sarney e Collor engavetassem o assunto, hoje ressuscitado pelo governo Lula.
A proposta mudou: ao invés das cinco hidrelétricas previstas, o Conselho Nacional de Política Energética, em julho/2008, definiu que somente Belo Monte seria construída. O projeto orienta a instalação de uma barragem para desviar o curso do rio e formar um grande reservatório, inundando uma área de 516 km². Esse grande lago, que colocará no fundo as margens do rio Xingu – onde moram cerca de 20 mil pessoas – e áreas de terra firme, com florestas e sítios arqueológicos, acionará as turbinas da hidrelétrica.
Para tentar impedir mais um crime ambiental na Amazônia, a partir das 16h, em uma rua lateral ao complexo da Fundação Cultural Tancredo Neves – CENTUR, índios Tembé, sindicalistas, militantes de ONGs, sem-terra e estudantes, iniciaram o ato público contra a construção da hidrelétrica de “Belo Monstro”, rebatizada pelo movimento.
A audiência não-tão-pública em Belém foi marcada por vários fatos que demonstram a disposição dos governos estadual e federal em utilizar os métodos de repressão da ditadura militar, como há 20 anos, para tentarem impor as hidrelétricas. A manobra inicial foi trocar o local da reunião. Marcada para o Auditório Ismael Nery, com capacidade de somente 750 lugares, foi transferida para o Teatro Margarida Schivasappa, no mesmo centro de convenções (CENTUR), mas que comporta apenas 500 pessoas sentadas.
Para intimidar, reprimir e conter o povo, a organização do evento chamou os militares da Força Nacional. Inicialmente tentaram impedir o acesso dos manifestantes ao CENTUR. Como não conseguiram, foi feita uma barreira, com 20 policiais, para impedir o acesso ao Teatro onde se realizaria a audiência.
E mesmo após a negociação feita para permitir a entrada de todos, oito membros da tropa ficaram perfilados à frente da mesa que dirigiria a audiência, voltados para o público, numa clara atitude intimidatória. Tais fatos, dentre outros, levaram os representantes do Ministério Público Federal e Estadual a se retirarem da mesa.
De imediato todos que estavam contra o AHE Belo Monte também se retiraram do local. Assim, a audiência não-tão-pública continuou. Mas sem as vozes críticas. E sem os militares, que saíram da frente do palco, armado para que os falsos atores pudessem continuar sua encenação, contando com os aplausos encomendados. Visto por este ângulo, a realização da audiência em um teatro, foi um irônico acerto.
Mas as manifestações ainda não haviam terminado. Fora do teatro, em meio a entrevistas coletivas e palavras-de-ordem, foi lançada a proposta de um derradeiro ato: o fechamento da rua em frente ao CENTUR. Já passavam das oito da noite, mais de quatro horas após o início dos protestos, e lá fomos nós, com faixas, bandeiras e cartazes, denunciar mais uma vez : “Hidrelétrica de Belo Monte: progre$$o e bem estar para os grandes empresários; sufoco para os povos da floresta”.
Dias depois, em 22/setembro, Procuradores da República anunciaram à imprensa que a Justiça Federal de Altamira receberá uma ação civil pública pedindo a anulação das quatro reuniões ocorridas e a realização de uma nova rodada de audiências, em todos os 11 municípios que se situam na Área de Influência Indireta (AII) da AHE Belo Monte.
Em entrevista coletiva, denunciaram que os representantes do Ministério Público foram impedidos de participar das mesas diretoras nas audiências públicas nos municípios de Brasil Novo, Vitória do Xingu e Altamira.
Apesar das ações institucionais serem de grande importância, tem ficado claro que a construção de barragens no Xingu é uma opção política, que visa beneficiar empreiteiras e mineradoras. Assim, para conquistarmos novas vitórias, será necessária a manutenção da aliança entre socialistas, ambientalistas, indígenas, moradores, sindicalistas, estudantes e sem-terra. Só o povo mobilizado garantirá que o Xingu permaneça vivo.

Belém, 26 de setembro de 2009

Vinte anos de luta contra UHE Belo Monte

De repente uma índia se levanta, começa a falar alto, em sua língua nativa, e interrompe o pronunciamento do diretor da Eletronorte. Toda a atenção dos presentes no ginásio se volta para ela. Dá alguns passos, ainda falando alto, e com um facão na mão direita se aproxima da mesa onde se encontravam lideranças indígenas, ambientalistas e representantes do governo. Estica o facão e pressiona-o, lateralmente, contra o rosto do homem branco que falava em nome do governo central de um país que queria inundar as terras onde moraram seus antepassados.
Continuava seu discurso, em um dialeto incompreensível para a maioria de nós, enquanto encostava o facão no outro lado do rosto de seu oponente. A impulsividade e a naturalidade de sua ação fez calar todo o ginásio. Ficamos todos paralisados, perplexos diante a mais ingênua e forte imagem que marcaria aquele encontro. Quando se afastou da mesa e abaixou o terçado, os presentes puderam finalmente raciocinar e entender o que havia se passado.
E a multidão que lotava o ginásio explodiu em êxtase, imitando o brado de guerra dos indígenas amazônicos. “Uh, uh, uh, uh, uh, uh, uh, uh, uh, uh”. Do silêncio ao grito. Dois extremos que retratam os ânimos daqueles dias. Era fevereiro de 1989, em Altamira, Pará, à beira da Rodovia Transamazônica. A proposta de construção de barragens e hidrelétricas no rio Xingu começava a ser derrotada.
Os estudos para o aproveitamento hidrelétrico das águas dos rios Xingu e Iriri, começara em 1975, sob o regime militar, com a contratação da CNEC, uma empresa de consultoria ligada à empreiteira Camargo Corrêa. Quatro anos mais tarde chega-se à conclusão da viabilidade em se construir cinco hidrelétricas e uma barragem.
A primeira delas, cujo início das obras estava previsto para 1993, chamar-se-ia UHE Kararaô. Junto seria levantada a barragem de Juruá, cuja função seria represar o Xingu e desviar suas águas até a casa de força de Kararaô. A previsão era que 1.225 km2 de mata virgem fossem inundadas, somente com o lago da primeira usina, que afogaria cerca de 30% da área indígena Paquiçamba, onde morava a índia guerreira.
Como em todas as ações do governo brasileiro, naquele momento sob os fuzis da ditadura, os detalhes da obra eram desconhecidos pela população que seria atingida. “Até onde o rio vai subir? o que vai acontecer com a qualidade das águas e com os peixes? quantas pessoas vão ter que ser transferidas; para onde vão ser realocadas? como vão ser calculadas as indenizações e quando serão pagas?”, perguntavam os moradores de Altamira.
Em 1986 é finalizado o Plano 2010 (Plano Nacional de Energia Elétrica 1987-2010) o qual previa a construção de 165 usinas hidrelétricas, sendo 40 na Amazônia Legal. Dois anos depois é divulgado e aprovado o relatório final dos Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu.
De posse dessas informações e aproveitando a conjuntura favorável, com o processo de enfrentamento e derrubada da ditadura militar, lideranças indígenas Kaiapó e ambientalistas denunciam na Universidade da Flórida, em Miami (EUA), que o Banco Mundial – BIRD financiaria o projeto, que deixaria sob as águas cerca de sete milhões de hectares de floresta. E também desalojaria 13 grupos indígenas, sem que estes tivessem sido consultados. A mesma denúncia é repetida em Washington.
Dois meses depois, em março/1988, como represália pelas declarações feitas nos Estados Unidos, a Justiça Federal enquadra os kaiapó Paulinho Paiakã e Kube-I, além do biólogo Darrel Posey, na Lei dos Estrangeiros. Por mais bizarro que possa parecer, a Polícia Federal abriu inquérito para processar, com ameaça de expulsão do país, dois índios e um pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi. Fruto das pressões nacionais e internacionais, a ação penal foi extinta em 16/02/1989.
A cada dia a luta contra as barragens ia ganhando forças. No final de agosto/1988 é realizado, em Belém, o 1º Ciclo de Debates sobre Hidrelétricas na Amazônia, organizado por ONGs ambientalistas; associações, sindicatos e federações de trabalhadores; órgãos públicos; organismos ligados à Igreja e aos Direitos Humanos, além de representações indígenas, estudantis e camponesas.
Ao final dos debates, é aprovada a Carta da Amazônia, que dentre outros pontos, exigia “do Estado o cumprimento das ações de assistência de educação, saúde, habitação, transporte, etc., nas áreas afetadas pelos grandes projetos”. Também pedia a “prestação de contas à sociedade, pela Eletronorte, do dinheiro público aplicado nas suas obras”, além de manifestar “apoio irrestrito a todas as lutas das comunidades ribeirinhas e indígenas ameaçadas pela construção de projetos hidrelétricos”.
Em novembro, reunidos na aldeia Gorotire, lideranças Kaiapó decidem convidar o governo brasileiro para discutir com os índios o projeto das hidrelétricas. Estava lançada a proposta do encontro de Altamira.
Em Belém, estudantes, trabalhadores e ambientalistas começavam a organizar atos e caravanas para Altamira. Em apoio ao encontro indígena, são convocados, para o mesmo período e local, o I Encontro das Organizações Não Governamentais Conservacionistas e o I Encontro Regional dos Trabalhadores Atingidos pelo Projeto Hidrelétrico do Xingu. Enquanto isso, o evento ganhava repercussão internacional, principalmente após o assassinato do seringalista Chico Mendes, em dezembro/1988, no Acre.
Assim, há vinte anos, uma caravana de estudantes universitários saiu de Belém em direção ao Xingu, enfrentando, no período de chuvas da região, a lama da rodovia Transamazônica e as ameaças dos pecuaristas da União Democrática Ruralista – UDR, para participar e escrever a história. Estima-se que três mil pessoas, dentre as quais 650 integrantes de 39 nações indígenas de diversas partes do país e do exterior, tenham estado na cidade.
O clima era tenso. Nas noites que antecederam a abertura foram ouvidos disparos de revólveres nas proximidades dos locais onde ocorreria o encontro e onde ficariam alojadas as delegações de estudantes e sindicalistas. A imprensa divulgou que o governo federal tinha cogitado a proibição do evento, alegando “clima de violência em Altamira”.
Entretanto, conforme programado, na manhã do dia 20 de fevereiro de 1989, na cidade de Altamira, Pará, estava aberto o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. Chico Mendes foi lembrado na breve e emocionada fala inicial de Paiakã, recebendo demorados aplausos dos presentes no ginásio do Centro Comunitário da Prefeitura de Altamira. Os não-índios lotavam as arquibancadas e os índios ocupavam a quadra, sentados sobre folhas de açaizeiro, especialmente colocadas no local.
As atividades paralelas ocorreram à tarde e à noite. O primeiro dia encerrava com aparente tranqüilidade, quebrada somente com a denúncia de que, na madrugada, religiosos ligados à Prelazia do Xingu teriam sofrido ameaças de morte. Passamos a ter maior preocupação com a segurança. A orientação era evitar sair à noite e andar sempre em grupos, a qualquer hora do dia.
Com faixas e outdoors dizendo “Kararaô sim, estrangeiros não”; “Somos pela ecologia, com progresso e energia”; “A ecologia não pode impedir o progresso de nossa cidade” ou “Estrangeiro, o Brasil é nosso”, o Movimento Pró-Kararaô – MOPROK, que reunia UDR, Associação Comercial de Altamira, Lions e Rotary Club, conseguia polarizar parte da população.
No segundo dia estava programada a exposição das propostas do governo Sarney. Estavam presentes o presidente do Instituto Nacional do Meio Ambiente e o diretor da Eletronorte, José Muniz Lopes, coordenador dos estudos para a implantação das hidrelétricas. Após ouvirem muitas vaias, quando foram apresentados, tentaram passar a imagem de um governo comprometido “com a preservação da Amazônia e com a situação do índio”. Mas parece que não foram muito felizes: “Se o chefe branco, que se chama Sarney, continuar com plano de barragem, vou fazer guerra contra ele”, avisou o cacique Raoni.
Como no primeiro dia, a entrada dos índios no ginásio foi saudada de forma calorosa e ruidosa. Tomaram seu lugar no centro da quadra, sentados sobre as folhas de açaizeiros. Como as pequenas arquibancadas estavam lotadas, muita gente ocupou parte do espaço destinado aos índios. Também havia muitos jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas. A imprensa nacional e internacional estava em peso, cobrindo o evento.
Os estudantes foram chamados para ajudar na organização. Formamos um cordão de isolamento e garantimos um amplo círculo onde se acomodaram os indígenas. Alguns guerreiros ficaram em pé, fazendo um cerco em volta do grupo, empunhando lanças e flechas. Uma atmosfera de cumplicidade e respeito passou a existir entre índios e universitários. Em certo momento, quando um fotógrafo começou a levar o tripé de sua câmera para dentro da linha imaginária que estabelecia o limite dos espaços, um dos guerreiros olhou para nós e para o fotógrafo. Percebemos que eles nos tinham como co-responsáveis pela manutenção da ordem no local e tratamos de assumir nossa responsabilidade.
A presença dos representantes do governo e o nome proposto para uma das usinas produzia um sentimento de revolta. “Vocês acham o quê? Como vêem a gente? Não sei o que significa energia. Fui criado pela minha mãe, com caça, pesca, mel de abelha e palmito. Não admito construção de barragem nenhuma”, protestou o índio Porekro, com sua borduna em punho. A bronca, traduzida por Paiakã, foi feita quando o diretor da Eletronorte pronunciou a palavra “Kararaô”.
Após retomar a fala, José Muniz seria interrompido mais uma vez. A índia Tuíra, de 23 anos, mãe da pequena Iredjô, levantou-se e foi em direção à mesa. Sua foto, segurando e pressionando um facão contra o rosto do diretor da Eletronorte, rodou o mundo e se transformou na principal imagem daquele encontro.
Após longos minutos de tumulto, com os índios em pé, cantando e dançando, com lanças e bordunas levantadas e com a multidão gritando nas arquibancadas, os caciques explicaram que aquela era uma reação natural ao pronunciamento da palavra “Kararaô”, que na sua língua significa grito de guerra. Muniz informou que já havia recebido autorização para trocar a denominação. Hoje é chamada UHE Belo Monte, nome de uma vila próxima ao local onde seria construída a usina.
Nos dias que se seguiram outro fato foi marcante. O MOPROK, tendo a UDR à frente, para tentar mostrar que a população de Altamira estava a favor das hidrelétricas, organizou uma carreata e um comício. Foi uma demonstração de força: dezenas de automóveis, picapes, tratores e caminhões, passearam pelas principais ruas da cidade e se concentram em uma praça, cercada de faixas a favor do “progresso e da energia”.
Para o outro dia estava programada uma passeata, que contaria com a adesão dos moradores do bairro de Brasília, um dos mais pobres, localizado na parte da área urbana que mais seria afetada pela inundação causada pela construção das barragens. Entretanto, argumentando o impacto causado pela carreata da UDR, dirigentes do PCdoB e do PV tentaram convencer os organizadores a cancelar a passeata. Diziam que a mobilização seria um fracasso, que seria comparada com a atividade realizada pelo MOPROK, que teria um retorno negativo.
Toda a tarde e a noite daquele dia foram utilizadas para inúmeras reuniões e tentativas de convencimento. Consultamos a direção do PT e da CPT locais. Ambos nos diziam que era possível manter a passeata (ou “caminhada”, como preferiam chamar). De fato, a organização do ato nos parecia frágil demais, mas estávamos dispostos a ajudar e fortalecê-la. Antes de ser tomada uma decisão final, fomos surpreendidos pela divulgação de que a passeata havia sido suspensa, feita por alguns ecologistas e dirigentes partidários.
Aquela atitude traiçoeira nos jogou em definitivo para manter o apoio à “caminhada”. No final da noite foi batido o martelo: vai haver ato público. Pela manhã, nova surpresa: as rádios passaram a divulgar que a passeata havia sido cancelada. Mais indignação e bate-boca. Um operativo de emergência foi montado. De porta em porta, até onde nossas pernas suportaram, com megafone ou a plena voz, a população foi avisada que a “caminhada” estava mantida.
E ocorreu: centenas de moradores atenderam o chamado e saíram às ruas de Altamira. Um pequeno carro, com uma “boca de ferro” em cima, anunciava, pelas ruas de piçarra do bairro de Brasília que o povo estava contra a construção das usinas. E iria resistir, junto com os índios, estudantes, ambientalistas, religiosos, partidos de esquerda e todos que se somassem. “Nunca a pacata Altamira viu coisa igual”, escreveu uma revista de circulação nacional, abaixo de uma fotografia onde se via uma multidão carregando faixas e cartazes.
No final do encontro Ailton Krenak, liderança indígena da região do Vale do Rio Doce / ES, leu a Declaração Indígena de Altamira, que iniciava dizendo: “As nações indígenas do Xingu, junto com parentes de muitas regiões do Brasil e do mundo, afirmam que é preciso respeitar a nossa Mãe Natureza. Aconselhamos não destruírem as florestas, os rios, que são nossos irmãos. Decidimos que não queremos a construção das barragens no rio Xingu e em outros rios da Amazônia, pois ameaçam as nações indígenas e os ribeirinhos”. E finalizava lembrando os quinhentos anos de exploração do “branco civilizado”, que não se contentara em colonizar a Amazônia: “Suas pretensões vão muito além. O ouro, a cassiterita, a bauxita, os grandes projetos mineradores e hidrelétricos são suas bandeiras para a ordem e o progresso. Nessa jornada civilizadora não hesitam em massacrar e aculturar as tribos indígenas existentes, os reais donos das terras”.
No mesmo dia foi divulgada a Campanha Nacional em Defesa dos Povos e da Floresta Amazônica, fruto dos debates realizados pelos dois encontros paralelos, das ONGs conservacionistas e dos trabalhadores e movimentos sociais. Em sua carta de lançamento denunciava a “progressiva destruição da cultura e dos povos indígenas” e a “intensificação da destruição da floresta amazônica (...) patrocinada pelo governo federal, através de incentivos fiscais da SUDAM e de vultosos empréstimos no exterior, que beneficiam unicamente poderosos grupos econômicos”.
E propunha, dentre outras ações, “lutar pela suspensão imediata dos projetos hidrelétricos para o Xingu e provocar a revisão do Plano 2010 e do modelo institucional de implementação e gestão da política energética nacional”. Exigia do Estado “o enquadramento penal e a punição aos crimes contra pessoas e meio ambiente” e apoiava “as lutas dos povos indígenas pela imediata demarcação de suas terras”. Manifestava “apoio às lutas dos trabalhadores rurais contra a violência do latifúndio” e repudiava “o projeto Calha Norte como de inspiração geopolítica imperialista, discriminatória e danosa às populações do norte da Amazônia”
A campanha previa atividades para “esclarecer que a sabedoria do país não está ameaçada pelas nações vizinha e muito menos pelas tribos indígenas da faixa de fronteira. A grande ameaça à soberania nacional reside na penetração do capital imperialista, através das multinacionais e grupos monopolistas nacionais que agem com uma política de saque aos recursos naturais e total desprezo pelos habitantes da região e meio ambiente”.
Já se passaram 20 anos. Sarney não é mais presidente da República, mas do Senado. E a palavra de ordem “Fora Sarney” voltou às ruas. Lula e o PT, antes nossos aliados contra as hidrelétricas no Xingu, hoje são seus principais defensores. Stalinistas e pseudo-ecologistas seguem com seus discursos oportunistas. Fiéis a sua história, os eco-socialistas continuamos ao lado dos indígenas e demais povos da floresta, dos sindicalistas e dos moradores excluídos do poder decisório.
Agora, no período de 10 a 15 de setembro, serão realizadas audiências públicas nas cidades de Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém. O Ministério Público Federal considera insuficiente o debate e recomenda, pelo menos, mais treze audiências, que atendam os moradores de regiões distantes das cidades centrais.
Na próxima terça-feira, em Belém, estudantes, sindicalistas e ambientalistas estarão presentes no ato público contra a construção da UHE Belo Monte. A luta continua.

Belém, 14 de setembro de 2009

E o centro de Belém parou

Cerca de 800 pessoas estiveram presentes na passeata que marcou, nesse 14/agosto, o Dia Nacional de Lutas, em Belém. A faixa que abria a manifestação, assinada por Conlutas, Intersindical, CTB, CUT, Força Sindical, NCST, UGT e MST, dava o tom da exigência central: “pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário”.
Saímos da Praça do Operário, um dos principais pontos de concentração de manifestações da cidade, e seguimos pela Av. Magalhães Barata, na contramão. O caótico trânsito da capital paraense ganhou mais um ingrediente: as ruas ocupadas pelos trabalhadores em luta.
Pouco antes do início do ato, um grupo de manifestantes marcou presença em frente à COSANPA, estatal responsável pelo abastecimento de água do estado, para protestar contra a tentativa de privatização da distribuição de água pela Prefeitura.
O horário de saída foi prorrogado. Aguardávamos pela chegada da coluna do MST, cujos militantes estão em Belém desde o dia 10, ocupando a sede do INCRA, como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Na terça-feira, por volta das 6h, o prédio da Receita Federal foi ocupado, sendo liberado somente às 17h. Na quinta-feira a manifestação ocorreu em frente ao Centro Integrado de Governo (CIG), mesmo local onde, momentos antes, a Associação dos Concursados cobrava do governo petista de Ana Júlia a nomeação dos aprovados em concursos públicos. No ato do dia 14 também estiveram presentes com uma faixa exigindo “Nomeação Já!”.
Como não poderia faltar, o bigode do presidente do Senado também esteve presente, em faixas, adesivos e embalagens de pizza. “Fora Sarney” era uma das palavras de ordem mais cantadas.
No meio do percurso nos encontramos com o arrastão do sindicato dos trabalhadores da construção civil, que em campanha salarial, paralisava os canteiros de obras. Após uma calorosa saudação, seguiram para realizar sua assembléia geral.
Mais adiante, um impasse. Como fechávamos a rua na contramão e já estávamos em horário de pico, coincidindo com a hora do almoço e a saída das escolas, tudo parou. Cruzamentos fechados, carros buzinando, bandeiras vermelhas, caos. E uma das principais avenidas de Belém, que liga o centro à saída da cidade sucumbiu a um enorme engarrafamento.
Optamos por desviar caminho e continuar até o local de dispersão. Apesar do pequeno número de participantes, pudemos contabilizar uma grande e importante vitória: a unificação das diversas centrais sindicais em torno de um eixo reivindicatório comum.
E esse fato esteve presente nas falas de encerramento dos diversos companheiros, no alto do carro-som. Ficou claro que é possível unificar, que é possível derrotar a política econômica do governo Lula. E essa será nossa luta.

Belém, 14 de agosto de 2009

"Fora Sarney" nas ruas de Belém

“Ai, ai, ai, ai. Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai. Empurra o Collor que ele cai”. Assim a juventude cara-pintada saía às ruas em todo o país, no início da década de 90, para exigir a renúncia do primeiro Presidente da República eleito pelo voto popular, após a ditadura militar. E o derrubamos.
Hoje, passados quase 20 anos, a mesma palavra de ordem, mas com outro corrupto a derrubar.
A passeata ocorrida em Belém, no dia 14/agosto, marcando o Dia Nacional de Lutas, teve um personagem marcante: o bigode do Presidente do Senado. “Empurra o Sarney, que ele cai”, disse a juventude nas ruas.
Não faltaram faixas exigindo “Fora Sarney”. Algumas, como a carregada por servidores filiados ao SINTUFPA, pedia mais: “Pelo fim do Senado corrupto”. E outra, assinada pelo mandato do companheiro Nery cobrava: “Pela imediata instalação da CPI da máfia do Senado”.
Havia bigodes para todos os gostos, em adesivos grudados no peito ou em máscaras cirúrgicas, denunciando a omissão do governo federal no caso da crise na Saúde e da gripe suína, ao mesmo tempo em que não mede esforços para salvar Sarney.
A juventude Vamos à Luta levou cartazes exigindo a saída de Sarney e o fim do Senado corruPTo (escrito assim mesmo, com o “PT” em letras maiúsculas). E, é claro, as pizzas não poderiam faltar. Diante do arquivamento de todas as denúncias pela presidência do Conselho de Ética (!!!???) do Senado, nada mais justo que manifestar nossa indignação com o bigode pregado em embalagens de pizza.

Belém, 14 de agosto de 2009

China 1989: o poder nas ruas.

O artigo de Domenico Losurdo, publicado no site da Fundação Lauro Campos, sobre os vinte anos do massacre de Tiananmen, expõe uma visão bastante parcial dos acontecimentos. O filósofo italiano se alinha com a burocracia chinesa e busca argumentos para justificar a repressão e o assassinato de milhares de jovens.
O presente texto se propõe a ser um contraponto. É também bastante parcial, mas para o outro lado da trincheira, na defesa dos estudantes e trabalhadores chineses que lutavam por democracia na Praça da Paz Celestial.
Os acontecimentos de maio e junho de 1989 devem ter suas origens buscadas nas duas décadas anteriores. Após as escaramuças com a URSS, na fronteira comum entre os dois países, em 1969, a burocracia chinesa começou a flertar com os EUA. Em 1971 ocorreram encontros secretos e no ano seguinte o presidente norte-americano, Richard Nixon, em plena guerra contra o Vietnã, visitou Pequim.
O giro à direita do maoísmo seguiu, e em 1975 foi aprovada a nova Constituição, que formalizou o direito à propriedade privada, abolida com a revolução de 1949, permitindo aos camponeses serem donos de pequenas parcelas de terra.
Após a morte de Mao, em 1976, e a ascensão de Deng Xiaoping, as reformas pró-capitalistas ganharam novo impulso, como receita para combater a crise econômica de então. No início dos anos 80 multinacionais como a Volkswagen, a Chrysler e a Coca-Cola se instalaram em território chinês. As medidas econômicas, que em um primeiro momento pareciam trazer resultados positivos, logo começaram a mostrar as armadilhas do capitalismo: especulação financeira, corrupção, pobreza, desemprego, corte nos investimentos estatais em saúde e educação.
Em setembro de 1988 a alta cúpula do PC chinês se reuniu para discutir o balanço das reformas. Os dados não eram muito animadores: inflação anual de 30%; 2,5 milhões de desempregados nos centros urbanos; dívida externa de US$ 35 bilhões. Ficaram mais acentuadas as divergências entre Li Peng e Zhao Ziyang, antigo afilhado político de Deng Xiaoping.
Como se pode ver, a tese defendida por Domenico Losurdo, de que a CIA estaria financiando um golpe de estado na China, é no mínimo questionável. Por que o imperialismo iria incentivar ações de massas que questionassem um regime que nas últimas décadas havia se aproximado dos EUA e tomado medidas pró-capitalistas? Interessava ao Tio Sam a queda brusca da burocracia chinesa? Não seria mais atraente para Wall Street uma calma e pacífica transição para a economia de mercado?
Em abril de 1989 milhares de estudantes saíram às ruas no funeral do ex-secretário geral do Partido Comunista, Hu Yaobang, um reformista que apoiava ações de abertura no regime. “No início, as reivindicações dos estudantes eram muito limitadas. Eles pediam mais democracia nas faculdades e a reabilitação de Hu, afastado do cargo desde 1987. Depois, quando o governo começou a atacá-los e a chamá-los de ‘anti-socialistas’, eles radicalizaram: exigiram pedidos públicos de desculpas e o reconhecimento de suas organizações, independentes do aparelho do partido. Rapidamente as exigências democráticas foram acompanhadas de outras, que atingiram o coração dos burocratas: o fim dos privilégios e a demissão dos principais homens do regime, Li Peng e Deng Xiaoping. Tudo isso no marco do socialismo e ao som da Internacional” (Jornal Convergência Socialista, nº 210, maio/1989, pág. 6).
A partir daquele momento a população começou a sair às ruas em apoio aos estudantes: dois milhões em Pequim; 500 mil em Xangai. “Antes nós tínhamos medo de falar. Os estudantes nos deram coragem”, diziam.
A burocracia se dividiu. De um lado, Zhao Ziyang liderava a parcela do governo que aceitava ceder a algumas reivindicações. Do outro, Deng Xiaoping e Li Peng encabeçavam a linha dura e davam ordens para reprimir. Mas as tropas não reprimiam. Generais se recusavam a obedecer; soldados se juntavam à população nas passeatas.
“Nasceu um novo poder em Pequim. Não é mais o poder dos burocratas velhos e corruptos, da polícia ou das Forças Armadas. Esses estão ilhados atrás dos muros da Cidade Proibida dos imperadores da velha China. O novo poder é o das ruas, tomadas pelos milhares de estudantes, operários, funcionários e até soldados que se recusaram a reprimir o povo. Foi nas ruas que eles construíram barricadas, criaram um serviço de ordem especial para controlar o trânsito dos veículos e até um serviço de mensageiros, constituído por umas duas centenas de motoqueiros. Ninguém circula sem a sua autorização. Nem sequer os caminhões de tropas enviados por Deng Xiaoping para controlar a situação. Esses não podem dar um passo sem a autorização dos estudantes. Literalmente.” (Jornal Convergência Socialista, nº 210, maio/1989, pág. 7).
Contrariando a afirmação de velhos e novos stalinistas, de que os manifestantes estavam apoiados pelo imperialismo, vale a pena reler o pronunciamento do Secretário de Estado do governo Bush (o pai), feito no sábado, um dia antes do massacre da Praça da Paz Celestial e publicado na edição de 04/06/1989 do jornal O Estado de São Paulo: “a situação da China parece caótica. É muito importante que não se aplique demasiada força na repressão. Isso perturbará o governo dos Estados Unidos”.
O governo norte-americano sabia o que iria acontecer no dia seguinte? Foram avisados pelos “camaradas” da burocracia chinesa? Foi uma senha? Um sinal verde para a repressão do domingo? Um recado para que não cometessem excessos, o que dificultaria o apoio aberto dos EUA?
Quanto aos trechos dos supostos relatórios secretos, os “Tiananmen Papers”, é preciso saber em que situação teriam sido escritos, pois já conhecemos a capacidade “inventiva” dos burocratas, presente nas farsas dos Processos de Moscou. Um trecho do artigo publicado em junho/1989 na edição nº 212 do Jornal Convergência Socialista, pode nos dar uma pista sobre o que ocorreu:
“O que aconteceu no domingo sangrento de Pequim certamente será lembrado durante muitos anos. Cenas da mais cruel selvageria ocorreram junto com atos de bravura e heroísmo jamais vistos. Os estudantes e trabalhadores, que tinham dado até então uma imagem de pacifismo, começaram a responder à altura, quando viram que seu trabalho de persuasão já não era suficiente para barrar o avanço das tropas. Os apelos fraternos foram substituídos pelos xingamentos: ‘cães covardes! ’. A incredulidade de ver o mesmo Exército que os libertara em 1949 massacrar agora seus irmãos de sangue foi substituída pelo desejo de vingança: ‘Avante! Sangue por sangue! Vamos vingar os mortos!’. Verdadeiras batalhas foram travadas nas ruas. A população do bairro de Gongjufen incendiou cerca de 50 tanques na entrada da cidade. Os trabalhadores usaram coquetéis molotov. Na Avenida Changan, que dá acesso à praça, foi travado um dos mais demorados combates. Os tanques atiravam na multidão que fugia, mas logo voltava. Em outro local, perto do Museu das Forças Armadas, centenas de manifestantes tomaram de assalto os blindados, desmontaram e levaram as metralhadoras e atearam fogo. Em outros locais, foram os próprios soldados que decidiram abandonar os caminhões e blindados, prontamente incendiados pelos manifestantes”.
Quantos morreram naquele quatro de junho e nos dias seguintes? Nunca saberemos! Fala-se em 1.400 a 2.500 homens e mulheres. Talvez mais. Os números mais pessimistas chegam a dez mil.
Antes da repressão, um jornalista chinês fez o seguinte comentário ao diário francês Liberation: “É possível oprimir os chineses durante muito tempo. Mas quando eles explodem, é como se fosse um vulcão”.
Eram estudantes e trabalhadores que lutavam contra os privilégios de uma burocracia parasitária que além de ter usurpado o poder do povo, conquistado em uma revolução, queria fazer a nova sociedade retroceder ao antigo modelo de exploração. Isto é motivo suficiente para os socialistas e revolucionários prestarem as mais extensas homenagens aos mortos de Tiananmen.

Belém, 24 de junho de 2009

Trabalhadores em Educação ocupam prédio da SEFA-Pará

Após 28 dias em greve os trabalhadores em educação do estado do Pará ocuparam um dos prédios da Secretaria Estadual de Fazenda – SEFA, em Belém. A atitude foi uma resposta às ações do governo de Ana Júlia / PT, que, via Secretaria Estadual de Educação – SEDUC, vem tentando derrotar a greve utilizando conhecidos métodos da burguesia, como ameaça de corte de ponto, telefonemas com intimidação para os servidores em estágio probatório, gás de pimenta, cacetetes e bombas de gás lacrimogênio.
Nesse quase um mês de paralisação, pouco se avançou no atendimento das reivindicações da categoria: reajuste salarial de 30%, auxílio alimentação de R$300,00 e reajuste do abono do FUNDEB. O governo PT-PMDB oferece reajuste diferenciado de 7 a 12%, já incluídos no contracheque de maio, mostrando que os petistas tem aprendido bem a lição ensinada pelos aliados burgueses: dividir e confundir os trabalhadores.
Com a inflação medida pelo DIEESE batendo nos 5,92%, resta a uma parte dos educadores o reajuste, de fato, de pouco mais de 1%. É a política de nivelamento do vencimento base de toda a categoria em 1 salário mínimo, denunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará – SINTEPP.
Além disso, nas mesas de negociação, a SEDUC se nega a provar que não pode aumentar a hora-aula do abono do FUNDEB, mesmo que técnicos do próprio governo estadual já tenham declarado que há viabilidade financeira para o reajuste.
A intransigência tem sido tanta, que uma das bandeiras da greve passou a ser a exigência para que o governo sente para negociar, tendo conseguido o apoio de bispos da CNBB local para intermediar a marcação de uma nova audiência para discutir a pauta de reivindicações.
Como reflexo da ocupação da SEFA, a reunião marcada para a manhã desta quinta-feira, que ameaçava não acontecer, foi confirmada. Entretanto, para mostrar aos aliados capitalistas que o PT mudou de lado e tem aprendido direitinho a enfrentar a classe trabalhadora, a Secretaria de Comunicação colocou a seguinte manchete no site do governo do estado: “Governo condiciona audiência com professores à desocupação da SEFA”. Querem algo mais patronal?
Por enquanto a ocupação continua. Dos 300 educadores que entraram no salão de atendimento ao público da Secretaria, às 10h dessa quarta-feira, cerca de 50 permaneceram acampados durante a madrugada. Na tarde e noite do primeiro dia de ocupação os grevistas receberam o apoio de vários sindicatos e entidades estudantis, além de partidos como o PSOL e o PSTU.
Para afastar o tédio e seguir na luta, a comissão responsável pelas atividades culturais organizou apresentações de músicos locais, além dos artistas revelados no seio da própria categoria. “Se não conseguir o aumento no meu salário, já posso fazer bico em um barzinho”, ironizou uma professora, após receber demorados aplausos no fim de sua apresentação.
Que venha um novo dia. Que venha o sol nascente. Os educadores paraenses mostrarão o tradicional espírito de luta da categoria, que não se intimida em enfrentar seus exploradores, sejam eles novos ou velhos; antigos aliados ou eternos inimigos.

Belém, 06 de junho de 2009

Presos políticos conquistam liberdade provisória

Após dezenove dias encarcerados, 14 dos 18 presos políticos paraenses, integrantes da Via Campesina, Movimento dos Atingidos por Barragens, Sindicatos de Pescadores e de Trabalhadores Rurais, conquistaram alvarás de soltura e se encontram em liberdade provisória.
Na tarde da última sexta-feira, 15/maio, logo após serem soltos, foi organizada uma manifestação na sede da CNBB em Belém. Neide Solimões, da direção nacional do PSOL, esteve presente, junto com outros filiados, expondo a solidariedade e o compromisso do partido com as causas populares.
Todos os libertados estavam visivelmente abatidos, após terem sua dignidade roubada pelo Estado por mais de duas semanas. Entretanto, também era explícita a vontade de seguir lutando, seja para garantir a libertação dos demais companheiros presos, seja para voltar à Tucuruí e se unirem novamente aos amigos, familiares e companheiros, para continuar gritando por seus direitos.
Rogério Höhn, coordenador do MAB no Pará lamentou que muitos daqueles que construíram sua história defendendo os movimentos sociais tenham cumprido um papel vergonhoso neste episódio. Disse que foi uma lição, para se conhecer quem realmente está ao lado dos trabalhadores.
E foi enfático ao afirmar que a luta para a libertação dos quatro detidos irá continuar e se ampliar. No domingo, 17, haverá panfletagem na Praça da República, tradicional ponto de encontro da esquerda nos finais de semana. E durante os próximos dias serão articuladas novas ações, entre elas um acampamento no centro de Belém, para pressionar Governo e Justiça a atenderem as demandas dos atingidos por barragens.
Dentre as condições para a libertação, estão a obrigatoriedade em comparecer perante a Justiça a cada trinta dias e a proibição em se ausentar da residência por mais de oito dias sem prévia comunicação ao Juiz. Todos estão intimados a comparecer ao Fórum Criminal de Tucuruí no final do mês de junho, pois os procedimentos da Ação Penal irão continuar.
Ou seja, a conquista da liberdade ainda não encerrou a luta contra a perseguição e a criminalização dos movimentos sociais, que encontrou no governo petista de Ana Júlia um novo aliado.
Novas ações serão necessárias. Novas demonstrações de solidariedade serão requisitadas. Não daremos nenhum passo atrás enquanto nossos camaradas permanecerem privados de sua liberdade. E deixaremos para a história a tarefa de jogar na lata de lixo, despidos de suas máscaras, todos aqueles que optaram em mudar de lado e trair as lutas da classe trabalhadora.

Belém, 16 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

Liberdade para os presos políticos do governo Ana Júlia

No último 24/abril cerca de 400 integrantes de diversos movimentos sociais, com destaque para o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, ocuparam a área onde a empreiteira Camargo Corrêa executa as obras de construção das eclusas do rio Tocantins, represado com a hidrelétrica de Tucuruí.

Segundo dados do MAB já foram construídas mais de 2 mil barragens no Brasil, com objetivos diversos, que inundaram áreas onde viviam mais de 1 milhão de pessoas, que além de terem sido expulsas de suas terras, encontraram dificuldades para receberem as indenizações devidas. Estima-se que 70% desse total não recebeu nenhum tipo de pagamento por suas propriedades, engolidas pelas águas.

Construída pela mesma Camargo Corrêa, entre 1976 e 1984, durante o regime militar, a UHE Tucuruí tem um histórico de destruição, agressão ao meio ambiente e injustiça social. Cerca de 30 mil famílias aguardam até hoje a completa garantia de seus direitos. Parte delas optou por se organizar e lutar. E foram muitas lutas nesses 25 anos.

O acampamento iniciado no dia 24/abril era mais um capítulo dessa resistência. Entretanto, dois dias depois, a Polícia Militar do Estado do Pará, com a intransigência que lhe é peculiar, seja sob as ordens de Almir Gabriel / PSDB ou de Ana Júlia / PT, com a cumplicidade do Poder Judiciário e do Ministério Público estaduais, despejou centenas de trabalhadores rurais e pescadores, prendendo 16 homens e 2 mulheres, dentre os quais um senhor de 70 anos.

Imediatamente os advogados, que não se renderam aos cantos de sereia do governo frente-populista e continuam defendendo os movimentos sociais, entraram com pedidos de liberdade provisória e habeas corpus. Mas esses pedidos se perderam nos corredores da Justiça paraense – os mesmos corredores nos quais se perderam os processos em que Jáder Barbalho era acusado de corrupção – e até hoje, 14 dias depois, sequer foram julgados. Muito diferente dos pedidos que envolvem crimes financeiros, quando liminares concedendo liberdade a banqueiros, especuladores, políticos ou grandes empresários são assinadas em caráter de urgência, seja em domingos ou feriados, a qualquer hora do dia ou da noite.

Nessas duas semanas os companheiros seguem encarcerados em penitenciárias onde se encontram assassinos, estupradores, traficantes e outros criminosos – menos aqueles que usam “colarinho branco” – numa absurda comprovação da campanha de criminalização dos movimentos sociais e da violação dos diretos humanos na “Terra de Direitos”, pregada pelo PT paraense.

No dia 02/maio uma comissão formada por sindicalistas e estudantes do PSOL, representando o SINTSEP-PA, o SINTUFPA, o DCE-UNAMA e a Oposição CONLUTAS/Educação, visitou os 16 homens presos na Penitenciária de Americano II. Deles ouviram palavras de revolta e indignação. Mas também de confiança no fortalecimento de sua luta e confiança nos companheiros de suas organizações que ficaram em Tucuruí, em vigília permanente, até que sejam libertados. Expressaram a preocupação com sua integridade física, pois é do conhecimento de todos que, tal qual ocorria nos porões da ditadura, “brigas” e “rebeliões” em cadeias podem servir como pretexto para tirar a vida de dirigentes sindicais e populares. No dia seguinte houve a tentativa de visita às duas mulheres que se encontram no presídio feminino, mas, diante da impossibilidade, foi deixada uma nota de solidariedade e notícias dos outros dezesseis companheiros presos.

No dia 07/maio, na Praça dos Mártires de Abril, foi realizada uma vigília para protestar e exigir a libertação dos detidos. Dúzias de velas foram acesas na base da “Coluna da Infâmia”, obra do artista plástico holandês Jens Galschiot, integrante do movimento Arte em Defesa da Humanidade. A escultura, com oito metros de altura, foi inspirada na sua indignação e revolta após o massacre de 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás, assassinados pela polícia militar paraense durante o governo tucano, em 1996.

No centro da praça, militantes do PSOL cantavam: “Liberta, liberta, liberta, já! Nenhum preso político no estado do Pará!”. No carro-som se revezavam dirigentes de organizações sindicais, estudantis e populares, como DCE’s da UNAMA e da UFPA, SINTSEP-PA, SINTUFPA, CONLUTAS, SDDH, MST e MAB, dentre outras.

Faz-se necessário ressaltar que, mesmo tendo filiados seus entre os presos, o PT não participou do ato e não tem se mobilizado para reverter as prisões. E ainda ligaram para um dos organizadores para criticar a conotação de prisão política e os ataques ao governo Ana Júlia, tentando cancelar a vigília.

Em todas as intervenções o repúdio à prisão dos companheiros e a exigência de liberdade se fez presente. A comparação com o tratamento dado aos verdadeiros criminosos foi inevitável: “Enquanto nossos companheiros, lutadores do povo, estão presos, Daniel Dantas está em liberdade. Ele é quem deveria estar atrás das grades”. “Pescadores e lavradores estão presos. Banqueiros e latifundiários estão soltos”.

Foi denunciada a omissão e a morosidade do Estado na apuração dos 14 assassinatos de pessoas ligadas à luta pela terra na região de Tucuruí nos últimos anos e a postura do judiciário, que se nega a analisar o pedido de liberdade provisória, protocolizado logo após a prisão e para o qual é exigida urgência na tramitação, em documento assinado, em 05/maio, por 14 entidades e endereçado ao presidente do TJE-Pará.

Para quebrar a rigidez dos discursos, vez por outra eram citadas poesias e canções: “Não tem preço a liberdade, não tem dono. Só quem é livre sente prazer em cantar. Se o passarinho canta mais quando está preso, é por desejo de ter espaço pra voar”.

Em seguida, em um telão montado na praça, foi mostrada a filmagem realizada por um militante do MAB, registrando o momento em que a tropa de choque avança contra os manifestantes e efetua as prisões. São cenas que impressionam pela covardia com que a PM agiu e destroem qualquer argumento de que os ocupantes reagiram.

Nas filmagens podemos ouvir algumas pérolas pronunciadas pelo Promotor de Justiça de Tucuruí, que acompanhava o despejo, como: “a operação se faz necessária em homenagem ao Estado Democrático de Direito” ou “a não violência é o lema desta operação”. Isso depois de ter intimidado o cinegrafista: “quem é você? Identifique-se. Vou requisitar essa fita como prova”. Tudo pronunciado enquanto ao fundo víamos imagens de quatro policiais em cima de um manifestante, jogado ao chão. Ou cenas de crianças chorando ao verem seus pais sendo presos. Ou bombas de efeito moral explodindo perto das famílias, que corriam para longe da polícia. Ou as filas de pescadores e trabalhadores rurais sendo submetidos à humilhantes revistas, como se fossem marginais.

Em nenhum momento se observa qualquer tentativa de reação ou ataque contra os policiais, cujo comandante, na presença do Promotor de Justiça, ameaça em certo momento prender aqueles que estivessem em grupos: “Se eu encontrar um grupo de quatro pessoas vou conduzir para a delegacia”.

Ao fim da exibição, sob um ar de perplexidade e revolta, ouvimos o companheiro Rogério, do MAB, agradecer a presença de todos e fazer um compromisso de seguir a luta. Durante sua fala os manifestantes passaram a distribuir e acender velas, preparando o final da vigília, cujo cortejo seguiu até um dos cantos da praça, onde está instalada a Coluna da Infâmia. E sobre sua base, próximo às figuras humanas que se contorcem e se amontoam, foram depositadas velas e proclamadas juras de resistência e combate.

Lembrei-me então, do trecho final da carta escrita em nome de Lula após a derrota para Collor em 1989: “Seremos oposição a toda forma, aberta ou disfarçada, de tirania”. Parece que eles esqueceram. Mas nós faremos questão de lembrar e seremos oposição a toda forma, aberta ou disfarçada, de criminalização dos movimentos sociais. Liberta, liberta, liberta, já! Nenhum preso político no estado do Pará!

Mártires de Abril: 10 anos de luta.

“Ele bateu com a foice em cima da mesa e disse aos funcionários da fazenda: essa terra, a partir de agora, é da reforma agrária. Se querem participar da luta, podem ficar. Vamos cadastrar vocês. Se não, vão embora, pois essa terra agora é nossa. É dos trabalhadores sem terra”. Há 10 anos, às cinco da manhã do dia 02/maio, quando o sol despontava no horizonte, iluminando a escuridão da noite, um grupo de militantes do MST que havia acampado durante duas semanas em Belém, protestando contra o massacre de Eldorado dos Carajás, ocupava a fazenda da TABA, no distrito de Mosqueiro, ilha que faz parte do território da capital paraense.

Para comemorar a data, o acampamento “Mártires de Abril” organizou um evento, realizado nestes 02 e 03 de maio, e convidou os amigos do MST. Militantes do PSOL estiveram presentes na abertura, que contou com uma mesa formada por quatro pessoas que participaram do processo da ocupação e resistência, entre elas Fabiano Bringel, hoje professor da rede estadual, que na época integrava o NUARA – Núcleo Universitário de Apoio à Reforma Agrária – que fez o relato do início do texto.

Ulisses Manaças, membro da coordenação nacional do MST, relembrou aqueles dias que passaram acampados na Praça da Leitura, em 1999, rebatizada pelo movimento como Praça dos Mártires de Abril. “A ocupação da praça era algo diferente. Uma rádio comunitária funcionou durante os dezesseis dias. Quando a Polícia Federal chegou, a população nos ajudou a manter a rádio funcionando e anunciando a proposta da reforma agrária e da liberdade. Construímos uma escola na praça: a Escola Itinerante Paulo Freire. Saímos da praça e viemos ocupar a fazenda. Eu vinha na frente, carregando a bandeira do MST, morrendo de medo de levar um tiro. Foram três despejos. A polícia vinha com tratores e destruíam nossos barracos. Mas nós voltávamos e ocupávamos de novo. O determinante para que conquistássemos a terra foi a solidariedade de amigos e amigas como vocês”.

Dona Ana, uma acampada que participou desde o início da ocupação, fez um relato emocionante e arrematou: “Enquanto tiver vida e resistência, estarei lutando por essa bandeira”, encerrando sua fala com um apertado abraço em Ulisses, que precisou enxugar o rosto para impedir que as lágrimas escorressem.

Raimundo, violeiro dos bons, finalizou a primeira parte da programação entoando composições do movimento e convidando para a inauguração do “Bosque Ecológico Mártires de Abril”. Seguimos em fileira até o local, onde foram plantadas mudas de andiroba, ipê, bacuri, paricá, uxi e castanha-do-pará, entre outras árvores.

Que venham mais dez anos. Que venham mais ocupações. Os 19 mártires de 17/abril/1996 germinaram, depois de sepultados. E suas sementes vermelhas seguirão sendo espalhadas até que não reste mais um único latifúndio no país. Reforma agrária, na lei ou na marra! Pátria Livre! Venceremos!

1º de Maio em Belém: que os ricos paguem pela crise!

Centenas de trabalhadores tomaram as ruas de Belém para marcar o 1º de Maio. Um ato conjunto, chamado por CONLUTAS e INTERSINDICAL, ao som de bumbos, cornetas e denúncias contra a política econômica do governo Lula, fechou a principal via de acesso à cidade e fez o tradicional percurso da Praça do Operário à Praça da República.

Além das organizações sindicais, os partidos da esquerda socialista – PSOL, PSTU e PCB – levaram suas bandeiras vermelhas para saudar mais um ato internacionalista da classe, que teve como eixo exigir que os trabalhadores não paguem pela crise.

Os temas nacionais e internacionais estiveram presentes nas faixas, reivindicando estabilidade no emprego, fim das demissões, redução da jornada sem redução de salário e nenhum dólar ao FMI, como resposta à crise econômica mundial. A reestatização da EMBRAER e a crítica ao repasse de dinheiro do BNDES também estiveram registrados.

Os manifestantes não pouparam críticas à governadora petista Ana Júlia, que continua enrolando e adiando a nomeação da totalidade dos aprovados em concursos públicos nos últimos anos. A Associação dos Concursados do Pará, fundada a pouco mais de um mês para organizar os trabalhadores que lutam por seu direito elementar de serem nomeados por terem sido aprovados em concurso público, esteve presente, com seus associados carregando uma enorme faixa que dizia: “Governadora, exigimos nossas nomeações”.

Beira o absurdo acreditar que pessoas aprovadas em concursos necessitem se organizar em uma associação para defenderem uma única e óbvia pauta, garantida pelas próprias leis que o Estado burguês instituiu: a publicação de suas nomeações enquanto servidores do estado, aprovados em concursos. Em outra faixa os “concursados em luta” exigiam respeito da governadora e listavam as secretarias e órgãos que ainda não cumpriram a totalidade das nomeações: SEDUC, SUSIPE, SEPAQ, SECULT, PRODEPA e SEMA. Vale lembrar que o lema do governo petista no Pará é “Terra de Direitos”.

E não paravam as críticas ao executivo estadual. “Não vamos pagar pela crise! 30% ou greve”, alertavam os trabalhadores em educação, cujo processo grevista está em fase de debates nas escolas, podendo ser definida a paralisação a partir do próximo dia 06/maio. Outra faixa exigia ”Liberdade para os presos políticos do governo Ana Júlia”, referência aos militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, presos na Penitenciária de Americano, após terem ocupado as obras das eclusas de Tucuruí no último final de semana.

Para Duciomar, prefeito de Belém, petebista da base aliada do governo federal, uma enorme faixa vermelha, na abertura da passeata, lançava uma curiosa pergunta: “Dudu, és sócio de funerária?”. Outra faixa, logo atrás, assinada pelo SINDSAUDE-Belém, os fazia entender: “Pagamento das perdas já ou greve! – Chega de mortes na saúde”. Eram os trabalhadores da saúde municipal, cujas precárias condições dos locais de trabalho (pronto-socorros e postos de saúde) tem sido mostradas em rede nacional, denunciando o descaso que os governantes dispensam para a saúde da população de baixa renda. Em seguida, os educadores municipais, que junto com os servidores da saúde e outras categorias aprovaram greve por tempo indeterminado no último dia 30/abril, também se faziam presentes.

Uma parada na frente do Tribunal de Contas do Estado permitiu que uma servidora denunciasse uma série de irregularidades cometidas pelo órgão. A cada parágrafo de sua intervenção, cifras de milhões de reais eram citadas como evidências de desvios e corrupção.

No final da marcha um companheiro da União dos Trabalhadores da Guiana Francesa fez uma saudação ao Dia Internacional do Trabalhador, acentuando que o capitalismo é o principal responsável pela crise vivida pela humanidade. E um dos coordenadores regionais do MST também usou o microfone para reafirmar a luta pela reforma agrária e a defesa das ocupações de terra e criticar a criminalização dos movimentos sociais, convidando os ativistas a visitarem o assentamento “Mártires de Abril”, na área rural de Belém, que comemora nos dias 02 e 03 de maio seu décimo aniversário.

Após as intervenções dos representantes dos partidos, da CONLUTAS e da INTERSINDICAL, os punhos cerrados e erguidos se somaram às vozes dos grevistas e militantes socialistas, que cantando os primeiros versos da Internacional Comunista encerraram o ato internacionalista e classista do 1º de Maio em Belém do Pará.

Massacre de Carajás: 13 anos de impunidade

Cerca de200 manifestantes participaram, nesta sexta-feira, de uma passeata em memória aos 19 sem-terra mortos pela polícia militar do Pará, em 17 de abril de 1996, na “curva do S”, próximo à cidade de Eldorado dos Carajás. O alvo, mais uma vez, foi o Tribunal de (In)Justiça do Pará, que há 13 anos vem fechando os olhos à impunidade. Nenhum soldado da PM foi punido. O Coronel Mário Pantoja, condenado em 1ª instância, recorreu e aguarda (há anos) novo julgamento em liberdade. O governador na época, Almir Gabriel / PSDB, que deu a ordem para desobstruir a rodovia, sequer foi convocado como réu.

Por isso, na manifestação de hoje, uma militante do MST, com os olhos vendados, vestida com uma túnica branca suja de sangue e segurando uma cruz de madeira nas mãos, abria a passeata e denunciava o descompromisso da Justiça paraense, que cerra os olhos diante dos crimes do latifúndio. Logo atrás, uma enorme faixa da Via Campesina pedia “Soberania Alimentar, Já!”

Também houve cobranças ao governo federal. Uma das faixas assinadas por MST e Via Campesina perguntava: “Lula, cadê a reforma agrária?”. E outra dava parte da receita para enfrentar a “marolinha”: “Contra a crise: reforma agrária já!”

O PSOL esteve presente, representado, dentre outros, por Araceli Lemos, Neide Solimões e Sílvia Letícia, além das companheiras Sara e Linesh, do Romper o Dia.

Ao chegar em frente ao TJE as quatro faixas da Av. Almirante Barroso, principal via de acesso a Belém, foram fechadas. A “justiça”, cambaleante e suja de sangue, tombou ao chão. Um boneco representando Gilmar Mendes foi queimado e 19 militantes, com túnicas pretas, segurando 19 cruzes de madeira, acenderam velas diante o Tribunal e entoaram palavras de ordem, segurando uma faixa que dizia: “Massacre de Carajás. 13 anos de impunidade”.

No final do ato público, para que os juízes e desembargadores não esqueçam daqueles que tombaram em Eldorado dos Carajás, as 19 cruzes foram deixadas, encostadas na grade do suntuoso prédio do TJE paraense.

De Belém – Pará
Mauricio S. Matos