Centenas de trabalhadores tomaram as ruas de Belém para marcar o 1º de Maio. Um ato conjunto, chamado por CONLUTAS e INTERSINDICAL, ao som de bumbos, cornetas e denúncias contra a política econômica do governo Lula, fechou a principal via de acesso à cidade e fez o tradicional percurso da Praça do Operário à Praça da República.
Além das organizações sindicais, os partidos da esquerda socialista – PSOL, PSTU e PCB – levaram suas bandeiras vermelhas para saudar mais um ato internacionalista da classe, que teve como eixo exigir que os trabalhadores não paguem pela crise.
Os temas nacionais e internacionais estiveram presentes nas faixas, reivindicando estabilidade no emprego, fim das demissões, redução da jornada sem redução de salário e nenhum dólar ao FMI, como resposta à crise econômica mundial. A reestatização da EMBRAER e a crítica ao repasse de dinheiro do BNDES também estiveram registrados.
Os manifestantes não pouparam críticas à governadora petista Ana Júlia, que continua enrolando e adiando a nomeação da totalidade dos aprovados em concursos públicos nos últimos anos. A Associação dos Concursados do Pará, fundada a pouco mais de um mês para organizar os trabalhadores que lutam por seu direito elementar de serem nomeados por terem sido aprovados em concurso público, esteve presente, com seus associados carregando uma enorme faixa que dizia: “Governadora, exigimos nossas nomeações”.
Beira o absurdo acreditar que pessoas aprovadas em concursos necessitem se organizar em uma associação para defenderem uma única e óbvia pauta, garantida pelas próprias leis que o Estado burguês instituiu: a publicação de suas nomeações enquanto servidores do estado, aprovados em concursos. Em outra faixa os “concursados em luta” exigiam respeito da governadora e listavam as secretarias e órgãos que ainda não cumpriram a totalidade das nomeações: SEDUC, SUSIPE, SEPAQ, SECULT, PRODEPA e SEMA. Vale lembrar que o lema do governo petista no Pará é “Terra de Direitos”.
E não paravam as críticas ao executivo estadual. “Não vamos pagar pela crise! 30% ou greve”, alertavam os trabalhadores em educação, cujo processo grevista está em fase de debates nas escolas, podendo ser definida a paralisação a partir do próximo dia 06/maio. Outra faixa exigia ”Liberdade para os presos políticos do governo Ana Júlia”, referência aos militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, presos na Penitenciária de Americano, após terem ocupado as obras das eclusas de Tucuruí no último final de semana.
Para Duciomar, prefeito de Belém, petebista da base aliada do governo federal, uma enorme faixa vermelha, na abertura da passeata, lançava uma curiosa pergunta: “Dudu, és sócio de funerária?”. Outra faixa, logo atrás, assinada pelo SINDSAUDE-Belém, os fazia entender: “Pagamento das perdas já ou greve! – Chega de mortes na saúde”. Eram os trabalhadores da saúde municipal, cujas precárias condições dos locais de trabalho (pronto-socorros e postos de saúde) tem sido mostradas em rede nacional, denunciando o descaso que os governantes dispensam para a saúde da população de baixa renda. Em seguida, os educadores municipais, que junto com os servidores da saúde e outras categorias aprovaram greve por tempo indeterminado no último dia 30/abril, também se faziam presentes.
Uma parada na frente do Tribunal de Contas do Estado permitiu que uma servidora denunciasse uma série de irregularidades cometidas pelo órgão. A cada parágrafo de sua intervenção, cifras de milhões de reais eram citadas como evidências de desvios e corrupção.
No final da marcha um companheiro da União dos Trabalhadores da Guiana Francesa fez uma saudação ao Dia Internacional do Trabalhador, acentuando que o capitalismo é o principal responsável pela crise vivida pela humanidade. E um dos coordenadores regionais do MST também usou o microfone para reafirmar a luta pela reforma agrária e a defesa das ocupações de terra e criticar a criminalização dos movimentos sociais, convidando os ativistas a visitarem o assentamento “Mártires de Abril”, na área rural de Belém, que comemora nos dias 02 e 03 de maio seu décimo aniversário.
Após as intervenções dos representantes dos partidos, da CONLUTAS e da INTERSINDICAL, os punhos cerrados e erguidos se somaram às vozes dos grevistas e militantes socialistas, que cantando os primeiros versos da Internacional Comunista encerraram o ato internacionalista e classista do 1º de Maio em Belém do Pará.
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