sábado, 26 de setembro de 2009

Trabalhadores em Educação ocupam prédio da SEFA-Pará

Após 28 dias em greve os trabalhadores em educação do estado do Pará ocuparam um dos prédios da Secretaria Estadual de Fazenda – SEFA, em Belém. A atitude foi uma resposta às ações do governo de Ana Júlia / PT, que, via Secretaria Estadual de Educação – SEDUC, vem tentando derrotar a greve utilizando conhecidos métodos da burguesia, como ameaça de corte de ponto, telefonemas com intimidação para os servidores em estágio probatório, gás de pimenta, cacetetes e bombas de gás lacrimogênio.
Nesse quase um mês de paralisação, pouco se avançou no atendimento das reivindicações da categoria: reajuste salarial de 30%, auxílio alimentação de R$300,00 e reajuste do abono do FUNDEB. O governo PT-PMDB oferece reajuste diferenciado de 7 a 12%, já incluídos no contracheque de maio, mostrando que os petistas tem aprendido bem a lição ensinada pelos aliados burgueses: dividir e confundir os trabalhadores.
Com a inflação medida pelo DIEESE batendo nos 5,92%, resta a uma parte dos educadores o reajuste, de fato, de pouco mais de 1%. É a política de nivelamento do vencimento base de toda a categoria em 1 salário mínimo, denunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará – SINTEPP.
Além disso, nas mesas de negociação, a SEDUC se nega a provar que não pode aumentar a hora-aula do abono do FUNDEB, mesmo que técnicos do próprio governo estadual já tenham declarado que há viabilidade financeira para o reajuste.
A intransigência tem sido tanta, que uma das bandeiras da greve passou a ser a exigência para que o governo sente para negociar, tendo conseguido o apoio de bispos da CNBB local para intermediar a marcação de uma nova audiência para discutir a pauta de reivindicações.
Como reflexo da ocupação da SEFA, a reunião marcada para a manhã desta quinta-feira, que ameaçava não acontecer, foi confirmada. Entretanto, para mostrar aos aliados capitalistas que o PT mudou de lado e tem aprendido direitinho a enfrentar a classe trabalhadora, a Secretaria de Comunicação colocou a seguinte manchete no site do governo do estado: “Governo condiciona audiência com professores à desocupação da SEFA”. Querem algo mais patronal?
Por enquanto a ocupação continua. Dos 300 educadores que entraram no salão de atendimento ao público da Secretaria, às 10h dessa quarta-feira, cerca de 50 permaneceram acampados durante a madrugada. Na tarde e noite do primeiro dia de ocupação os grevistas receberam o apoio de vários sindicatos e entidades estudantis, além de partidos como o PSOL e o PSTU.
Para afastar o tédio e seguir na luta, a comissão responsável pelas atividades culturais organizou apresentações de músicos locais, além dos artistas revelados no seio da própria categoria. “Se não conseguir o aumento no meu salário, já posso fazer bico em um barzinho”, ironizou uma professora, após receber demorados aplausos no fim de sua apresentação.
Que venha um novo dia. Que venha o sol nascente. Os educadores paraenses mostrarão o tradicional espírito de luta da categoria, que não se intimida em enfrentar seus exploradores, sejam eles novos ou velhos; antigos aliados ou eternos inimigos.

Belém, 06 de junho de 2009

Nenhum comentário: