Segue abaixo trechos dos relatos de dois companheiros que estiveram participando dos protestos durante a visita de Lula a Altamira.
"Nos dias 21 e 22 os Movimentos Sociais ligados à Via Campesina e Movimento Xingu Vivo Para Sempre realizaram duas grandes mobilizações que reuniu centenas de trabalhadores rurais, estudantes, professores dos municípios de Altamira, Anapu, Princesa do Xingu e Uruará, em protesto à vinda do presidente Lula a Altamira para lançar a pedra fundamental da barragem de Belo Monte. No dia 21, véspera de sua visita, a rodovia Transamazônica foi interditada por um período de 10 horas com o objetivo de dizer ao Presidente da República que ele não era bem vindo a Altamira para tratar sobre a construção de Belo Monte."
"No dia 22, pela manhã, nos concentramos às 07 horas na Praça do Mattias, de onde sairam cerca de 500 pessoas em caminhada pela cidade, em direção ao estádio onde seria a atividade com o presidente e a governadora do estado. Ao chegar no local do evento a Polícia de Choque e o Exército não permitiram o acesso dos Movimentos Sociais. Primeiramente alegaram que não poderíamos entrar se não estivéssemos na fila e depois de muito bate boca com a polícia e com dirigentes do PT, decidimos ir para a fila, porém houve novo bate boca e discussões porque não nos deixaram entrar com nossas bandeiras e faixas. E por esta razão decidiram parar com o acesso. Foi triste ver a postura de companheiros históricos, que com certeza lutaram muito por uma redemocratização do Brasil na década de 80, agir de maneira tão anti-democrática e anti-popular. Na fila eles pediam para ver as faixas e quem tinha faixas ou bandeiras contra Belo Monte era barrado, mas quem tinha a favor podia passar. Para nós ficou um questionamento: que democracia é esta em que só é permitido a manifestação de uma posição?"
"Mas apesar de tudo nossa luta foi muito vitoriosa, pois com a pressão que fizemos reduzimos a agenda do Presidente, pois além da atividade na cidade de Altamira estava programada a ida até a Volta Grande do Xingu para lançar a pedra fundamental de Belo MOnte e outras atividades na Transamazônica, a somente um ato na cidade onde o presidente fez uma fala de cerca de 5 min, onde defendeu Belo Monte e se mostrou muito irritado com os protestos.
Pátria Livre! Venceremos!"
Betinho
Consulta Popular - Pará
"Fomos impedidos de entrar no estádio por que estávamos protestando contra esse projeto infame que vem pra esta região com o intuito dee desalojar famílias trabalhadoras, aumentar os problemas sociais já vivenciados nessa cidade e região, além dos incalculáveis desastres ambientais que este projeto propõe... Estamos convictos que esse "Belo Mostro" é de interesse do grande capital, que não está se importando com os valores culturais das pessoas que vivem no Xingu desde o nascimento e muito menos se preocupam com a biodiversidade que a Volta Grande do Xingu guarda."
"Chamaram a tropa de choque para impedir nosso manifesto. Nas ruas eram polícia militar, exército e tudo quanto era segurança. Fomos tido como os marginais bardeneiros.
O que mais me envergonhou foi ver o coordenador do Campus Universitário de Altamira - UFPA, Rainério Meireles, fazendo barreira para que seus alunos não passassem e mostrassem a Lula suas faixas mostrando indignação."
"Hoje senti que fui mutilado, como se tivessem tirado a minha língua pra não falar a verdade.
O Presidente disse que éramos um grupo de garotos desinformados. Que curioso. Somos estudantes de uma instiutição federal que é de responsábilidade dele. Acredito que não deveríamos estar na ignorância, afinal ele diz que foi o governo que mais investiu em educação. Nós do Movimentos Estudantil do Campus de Altamira só começamos nossa luta. Nada vai nos calar. Lutaremos por um Brasil de verdade, democrático e de todos."
Edfranklin Moreira
Engenharia Agronômica
D.A. "Fazer Valer o Dia!"
UFPA - Altamira
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