sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Repudiar a repressão aos estudantes chilenos

Relato da vereadora porto-alegrense Fernanda Melchionna, direto do Chile:

"Hoje (04/agosto) a repressao foi inacreditavel. Como sabem tinha um ato convocado pela internet para hj de manhã na Plaza Italia, uma das pracas que se localizam na avenida principal, chamada popularmente de ALameda. Como as assembléias dos estudantes secundaristas e as que se realizaram até agora, dos universitários, recusaram a proposta do governo para a educação, o governo proibiu a realização de atos na avenida, assim como nas ditaduras.
Mas o que vi hoje nas ruas foi impressionante. Primeiro o metrô não permitiu que estudantes (que tem seu cartão de estudante) utilizassem o transporte, para tentar dispersar a marcha. Quando saí de casa (fui sozinha, por sorte do destino) em cada esquina tinha no mínimo 10 policiais, que paravam todos os estudantes, grupos de estudantes ou "pessoas suspeitas" de passar. Sim, revistavam mochilas, mandavam andar, para que nao chegassem até a concentração. Como estava sozinha e (lamentavelmente já não pareço secundarista) fui passando. Quando cheguei a uma quadra da concentração, o cheiro de gás lacrimogênio entrou pelo nariz e as bombas começaram a ser jogadas pela polícia contra pequenos grupos que conseguiram passar. Os tanques de água, que aqui chamam guanaco, passavam tempo a tempo jogando água suja e tóxica sobre a gente.
Bom, muita esponteinadade, resistência dispersa, vários focos de jovens fazendo mini-atos, queimando lixeiras até a polícia chegar e dispersar...
(...)
Agora as 18h30 tem outra marcada. Agora já vou levar meu limão, pois tive que comprar (sim, tem gente com "visao de mercado" que fica vendendo limão na rua), depois de passar muito mal, depois da 3ª bomba de gás e água suja e gelada na minha cara.
Falei para os companheiros que começaremos uma campanha de solidariedade aí no Brasil e eles ficaram muito felizes...
No mais, resistance!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"

Os noticiários falam em mais de 800 pessoas detidas e fazem comparações com o período da ditatura Pinochet. “Isto parece um estado de sítio, imagino como era há 30 anos no Chile... nem sequer está assegurado o direito de se reunir em espaços públicos”, disse uma das lideranças estudantis, Camila Vallejos.

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